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O agronegócio é um setor estratégico para o Brasil, uma das bases da nossa economia, representando 21% do PIB brasileiro e 46% de toda exportação. O Brasil é um grande player global de toda a cadeia do agronegócio, envolvendo fazendas, insumos, implementos, grãos, proteínas, agricultura florestal, maquinários para agroindústria e desenvolvimento de tecnologia.
Fundamental para a economia do Brasil e do mundo, o agronegócio tem lidado com os desdobramentos da crise da Covid-19 e dado continuidade, especialmente nesse contexto, à transformação digital do Agro 4.0.
Por muito tempo o agronegócio foi visto como um setor tradicional e familiar. Nos últimos anos, temos acompanhado um forte movimento de governança corporativa e profissionalização das empresas familiares, abrindo oportunidades de desenvolvimento dos negócios em suas estruturas, processos e procedimentos corporativos.
"A evolução do mercado vai exigir cada vez mais profissionalização das empresas familiares. Muitas delas estão adotando conselhos de administração e conselhos consultivos para terem acesso a tecnologias e linhas de crédito”, destaca Pedro Mizutani, Presidente do Conselho do CTC - Centro de Tecnologia Canavieira e Membro do Conselho da COSAN.
O agronegócio tem uma relação muito forte com o mercado financeiro devido à sua participação na economia, à concessão de financiamentos e às fusões e aquisições de empresas em toda sua cadeia de produção. "Se compararmos a outros mercados agrícolas, o Brasil é extremamente profissional. O primeiro IPO com abertura de capital de uma fazenda no mundo foi no Brasil. Por termos a tradição do agro, nossas soluções são desenvolvidas a partir de problemas reais. Com essa crise, fundos e grandes conglomerados industriais estão se preparando para acelerar uma consolidação que já estava em curso”, explica Roel Collier, Partner no TPG Art, um dos maiores fundos globais de investimento em agrotecnologia e energia renovável, dentre outras áreas.
Assim como outros setores da economia, as perspectivas do agronegócio diante dos reflexos de saúde e economia da crise da Covid-19 tiveram que ser reavaliadas. “Com a pandemia e a guerra comercial entre EUA e China, vão-se abrindo cada vez mais oportunidades para o Brasil no mercado asiático. Há 20 anos, a União Européia era o maior importador dos nossos produtos agro. Hoje a China já representa 30% do nosso mercado. A demanda está na Ásia e o Brasil está pronto para atender”, indica Mizutani.
Novos mecanismos de intercâmbio entre países passaram a ser adotados tendo em vista a pandemia. Questionado sobre os impactos no agronegócio, Mizutani destacou que "será necessário um controle sanitário maior e mais rastreabilidade. O pós-pandemia vai valorizar muito o que as empresas fazem pelo social e ambiental como uma nova visão de mundo”.
"Os impactos da crise afetarão aspectos óbvios como origem e procedência de onde foram produzidos os alimentos até quais insumos foram usados na produção para controles biológicos. A rastreabilidade da procedência será acelerada. As tecnologias digitais demonstram como isso é possível e o consumidor quer saber de onde vêm seus produtos. A crise foi um despertar para vivermos de um modo diferente”, complementa Collier.
Novas ferramentas tecnológicas, IoT, Big Data do Agro, pesquisas e estudos de desenvolvimento para novas funcionalidades em toda a cadeia, fazem parte de um grande movimento em direção à transformação digital. O Brasil já conta com mais de 1.100 startups no setor, propondo as mais variadas soluções inovadores que impulsionam os negócios antes, durante e depois da fazenda.
"O agro vai ser vanguarda de muitas tecnologias que depois serão ampliadas para outras áreas. A adoção de veículos autônomos e da robótica deve ser mais rapidamente implementada no campo. Em relação à biotecnologia, meios de devolver riqueza à terra serão cada vez mais importantes. A busca por soluções que trazem economia vão permanecer. Não é uma questão de lucratividade, mas de sustentabilidade a longo prazo”, diz Collier.
Mizutani citou outros exemplos na adoção de novas tecnologias, tanto em topografia e quanto genética. "Com drones fica muito mais fácil saber onde estão as falhas do plantio de cana em vez de satélites e podemos aumentar a produtividade da cana de açúcar introduzindo organismos geneticamente modificados para resistência a pragas por exemplo”. Mas ele alerta que "mais importante do que ter a tecnologia, as empresas estão aprendendo a gerir a tecnologia. Se não souber usar os dados gerados e atuar sobre eles não vai adiantar nada”.
Máquinas automatizadas e teleguiadas, individualização do gado para melhor tratamento durante a engorda, análise dos dados por imagem com recursos da Nasa e domesticação microbiológica são alguns dos temas ligados à tecnologia que prometem modificar de vez o setor.
Diante de tamanha evolução, o setor precisará de pessoas cada vez mais qualificadas e conectadas com toda essa mudança. Estamos diante de um cenário positivo em número de contratações e empregos no agronegócio, tanto para a carreira no setor quanto para empreender nas agrotechs, startups de tecnologia atuantes neste setor.
O PageGroup tem atuado de forma cada vez mais próxima ao mundo Agro, realizando processos seletivos nas mais diferentes regiões do Brasil, como interior de São Paulo e Minas Gerais, Centro-Oeste e Sul, regiões intimamente ligadas ao setor agro e seus subsetores. Recrutamos profissionais que vão de posições extremamente técnicas a executivos de pesquisa e desenvolvimento, CEOs, CFOs, membros de conselhos administrativos e relações com investidores.
Há cada vez mais boas parcerias entre a iniciativa privada e as instituições acadêmicas para incentivo à formação de profissionais para esse campo de atuação. "Existe uma diversidade enorme na formação de pessoas. Agrônomos que entendem das necessidades do campo, engenheiros e programadores que conseguem traduzir problemas agrícolas em soluções digitais, cientistas e bioengenheiros do lado de controles biológicos”, cita Collier.
Aqui no PageGroup, temos acompanhado o aumento na demanda de recrutamento e seleção para o agronegócio e a evolução dos perfis dos profissionais nos últimos anos. Quando o setor está em alta, notamos também o crescimento na participação de profissionais mais jovens nos processos seletivos. Empresas de outros países recrutam profissionais brasileiros pela excelência e qualidade técnica. As posições nas áreas de Finanças e RH estão associadas à profissionalização dos negócios familiares, além de posições de alta gerência e diretoria devido à governança corporativa dessas empresas. Há muita oportunidade para profissionais de tecnologia para trabalharem em soluções junto aos técnicos do agronegócio.
O agro costumava ser visto como um setor tradicional e familiar. Por essa razão, não era uma escolha natural por parte dos profissionais que não vinham de famílias já ligadas à cadeia do agronegócio. Isso tem mudado cada vez mais, tanto pela profissionalização das empresas quanto pelo crescimento das agrotechs. Essa é uma perspectiva promissora para o agronegócio no Brasil em termos de capital humano e para o sucesso das empresas no médio e longo prazos.
"O Brasil é destaque no agro há bastante tempo, essa crise inesperada pegou todos desprevenidos. O setor agro acaba sendo um dos menos afetados diretamente em suas operações, pois já há um distanciamento social por densidade demográfica, muitas terras e cidades menores. Já o impacto indireto vem do acesso aos recursos financeiros. As pessoas estão esperando a poeira baixar para avaliar as oportunidades de investimento. É um momento excelente para implementar programas que são importantes, mas não eram urgentes, como maior uso de recursos tecnológicos para que as vendas sejam mais digitalizadas, por exemplo”, destaca Collier.
"O momento é delicado em relação à crise, mas é também de valorização da ciência e tecnologia, tanto para gestão dos negócios quanto agronomia. Mais de 50% das usinas já usam tecnologia de frotas e plantio, por exemplo. As empresas têm adotado todas as medidas necessárias para manter o andamento das produções: adoção de termômetros, distanciamento entre as pessoas, mais turnos para evitar concentração, uso de máscara como EPI obrigatório etc. Nos escritórios, somente as áreas essenciais e os demais trabalhando remotamente”, complementa Mizutani.
Ambos concordam que há terra, clima e tecnologia para o agronegócio seguir progredindo. Questionados sobre as oportunidades de crescimento, os executivos apostam em um grande crescimento adiante e disseram que algumas barreiras precisam ser superadas para isso. "Nossa maior barreira para o crescimento está nos custos de infraestrutura. A logística por ferrovia é pouco utilizada se comparada à rodoviária, por exemplo”, cita Mizutani. “Também é preciso mais conectividade com empresas de telecom, acesso a créditos, seguros e mecanismos financeiros”, finaliza Collier.
Assista ao webinar completo que deu origem a este artigo: