boneco de madeira com dois cartões colados. Um com um rosto feliz e outro com um rosto triste, simulando a diversidade de emoções.

A pandemia do covid-19 colocou em pauta a saúde e o bem-estar dos colaboradores como nunca antes se tratou no mercado de trabalho, reverberando nas políticas de Recursos Humanos até hoje. Uma força de trabalho saudável mentalmente é mais resiliente, engajada e produtiva. À medida que as organizações reconhecem a importância de manter uma força de trabalho saudável e feliz, abre-se o debate sobre o papel delas na promoção da saúde física, mental e emocional dos colaboradores, assim como de ações afirmativas de bem-estar no trabalho e medidas para lidar com os impactos de doenças como estresse e burnout.

Antes da pandemia, tínhamos um movimento chamado de workismo, uma celebração do trabalho exacerbado dos workaholics, que era visto de maneira positiva. Depois da pandemia, isso foi colocado em xeque, levando ao sentimento generalizado de que o trabalho deixou de ser uma realização pessoal e passou a ser encarado unicamente como atividade transacional feita por obrigação. Essa desmotivação acaba afetando a saúde mental e emocional dos profissionais. Diante disso, o RH precisa agir deste outro lado do pêndulo. Resgatar elementos de propósito em uma configuração saudável do trabalho pode melhorar a satisfação dos colaboradores e, consequentemente, sua produtividade, explica Flavio Barros, Gerente Sênior de Diversidade, Equidade e Inclusão da Michael Page.

A relação de estresse e burnout com a produtividade

O estresse agudo é uma resposta temporária do organismo a uma situação desafiadora ou ameaçadora, enquanto o estresse crônico é caracterizado pela exposição contínua a estressores ou pressões ambientais que persiste por um período significativo de tempo, muitas vezes semanas, meses ou até anos. À medida que o estresse persiste ao longo do tempo, o corpo pode ter dificuldade em se recuperar completamente, levando a uma série de consequências negativas para a saúde física, emocional e mental.

Os sintomas do estresse crônico podem incluir:

  • Fadiga persistente: sensação constante de cansaço e falta de energia, mesmo após períodos de descanso adequados.
  • Problemas de saúde física: como dores de cabeça frequentes, problemas gastrointestinais, pressão alta e comprometimento do sistema imunológico.
  • Problemas emocionais e mentais: ansiedade, depressão, irritabilidade, problemas de concentração e lapsos de memória.
  • Dificuldades de sono: pessoas com estresse crônico muitas vezes experimentam dificuldades para adormecer, sono interrompido ou insônia persistente.
  • Problemas de relacionamento: o estresse crônico pode afetar negativamente os relacionamentos interpessoais, levando a conflitos, isolamento social e distância emocional.

Já o burnout é um estado de exaustão física, emocional e mental resultante do estresse prolongado ou crônico no ambiente de trabalho. É uma condição que afeta significativamente a saúde mental e o bem-estar geral de uma pessoa.

Os sintomas típicos de burnout podem incluir:

  • Exaustão emocional: sentimento de esgotamento emocional, falta de energia e motivação para lidar com as demandas do trabalho e da vida pessoal.
  • Despersonalização: desenvolvimento de uma atitude cínica ou negativa em relação ao trabalho, colegas de trabalho e clientes, levando à distância emocional e desumanização das interações.
  • Diminuição da realização pessoal: sentimento de ineficácia no trabalho, falta de satisfação com as conquistas profissionais e uma sensação de estagnação ou falta de propósito.

Embora estejam relacionados e compartilhem algumas características, o estresse e o burnout são duas condições distintas marcadas por particularidades.

Afinal, de quem é a responsabilidade pela saúde e bem-estar?

A responsabilidade pela saúde e bem-estar é compartilhada entre o colaborador e a empresa.

Colaborador:

  • Os colaboradores têm a responsabilidade de cuidar de sua própria saúde, reconhecendo os sinais precoces de estresse, ansiedade ou depressão e buscando ajuda quando necessário.
  • Eles podem adotar práticas de autocuidado, como exercícios físicos regulares, sono adequado, alimentação saudável, práticas de relaxamento e gestão do estresse.
  • Os colaboradores também podem procurar equilibrar suas responsabilidades profissionais com suas necessidades pessoais, estabelecendo limites saudáveis e priorizando seu bem-estar.

Empresa:

  • As empresas têm a responsabilidade de criar um ambiente de trabalho que promova ativamente o bem-estar dos colaboradores, oferecendo apoio, recursos e programas que abordem questões relacionadas à saúde mental.
  • Elas devem implementar políticas e práticas que reduzam o estigma em torno das questões de saúde, promovam a cultura do autocuidado e incentivem a busca de ajuda quando necessário.
  • As empresas podem oferecer benefícios mais abrangentes, como seguro de saúde que cubra tratamentos relacionados à saúde mental, acesso a serviços de aconselhamento ou terapia, programas de assistência ao funcionário e programas de promoção da saúde mental no local de trabalho.
  • Além disso, as empresas devem garantir que a carga de trabalho seja gerenciável, fornecendo apoio adequado, reconhecimento e feedback construtivo, além de incentivar um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal.

No fim das contas, em um ambiente de trabalho não saudável, ambos pagam o preço. O colaborador com sua saúde e carreira, e a empresa sem resultados, enfrentando problemas no recrutamento, tendo dificuldade de atrair bons profissionais, menos candidatos qualificados, reputação negativa no mercado de trabalho, alta rotatividade de funcionários e danos à marca.

Ao trabalharem juntos, colaboradores e empresas podem criar um ambiente de trabalho mais saudável onde o bem-estar é valorizado e apoiado. Reconhecer e respeitar a responsabilidade compartilhada pela saúde, tanto física quanto mental e emocional, é fundamental para promover um ambiente de trabalho positivo e produtivo.

10 medidas para promover saúde e bem-estar no trabalho

  1. Cultura de Apoio e Aceitação: Uma cultura organizacional que valoriza o bem-estar dos funcionários e reconhece abertamente a importância da saúde física, mental e emocional, incentivando discussões abertas e honestas sobre o assunto.
  2. Ambiente de trabalho inclusivo: A promoção de diversidade, equidade e inclusão também afeta a saúde mental e emocional dos colaboradores.
  3. Liderança Engajada e Empática: Líderes e gestores que demonstram empatia, compreensão e apoio aos funcionários, que estão dispostos a ouvir e responder às preocupações relacionadas à saúde e bem-estar.
  4. Iniciativas de Conscientização e Educação: Oferta de programas de conscientização sobre saúde mental e emocional, workshops educativos para promover estratégias de cuidado.
  5. Acesso a Recursos Amplos de Saúde: Disponibilidade de recursos internos ou externos, como aconselhamento psicológico, terapia, apoio de pares, linhas diretas de ajuda ou serviços de assistência ao funcionário.
  6. Benefícios Abrangentes de Saúde: Oferta de benefícios de saúde que incluam tratamentos relacionados à saúde mental, reembolso para sessões de terapia ou acesso a aplicativos e plataformas de bem-estar mental.
  7. Flexibilidade no Trabalho: Políticas que permitam horários flexíveis, trabalho remoto, licenças de saúde mental ou tempo de folga para cuidar da saúde mental.
  8. Promoção do Equilíbrio entre Trabalho e Vida Pessoal: Incentivo ao equilíbrio, estabelecendo limites claros entre trabalho e horários livres e evitando expectativas irrealistas de disponibilidade constante.
  9. Ambiente Físico e Psicossocial Seguro: Criação de um ambiente de trabalho seguro e saudável, que promova o bem-estar físico e psicológico dos funcionários e minimize fatores de estresse no ambiente de trabalho.
  10. Apoio à Reintegração após Ausência: Políticas e procedimentos que apoiem os funcionários que retornam ao trabalho após uma ausência relacionada à saúde mental, garantindo uma transição suave e apoio contínuo.
  11. Feedback e Avaliação Contínua: Coleta regular de feedback dos funcionários para avaliar a eficácia das iniciativas de saúde mental e bem-estar e ajustar as políticas conforme necessário.

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